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Capítulo II

Atualizado: 3 de fev. de 2023

- João Vitor


“Às vezes por trás de um sorriso charmoso pode existir uma pessoa estúpida, maligna e assassina”

- Elias torres


Paulo acordou com uma dor de cabeça horrível. Quando tentou se levantar sentiu o mundo inteiro girar ao seu redor:


– Aaa, que dor infernal. Onde eu coloquei meu remédio?


Lentamente andou até a escrivaninha que ficava do outro lado do quarto. Um móvel de aspecto velho, porém, em bom estado de conservação. Tateou, meio sonolento até encontrar uma caixa vazia:


– Ótimo, agora vou ter que comprar antes de ir ao trabalho. E aguentar essa dor até lá… Uma ótima maneira de começar a quinta feira, hein.


Tomou um banho rápido e vestindo suas roupas habituais, calça, camisa e sapatos sociais, saiu em direção ao seu carro: um Gol ano 98 cor prata, com algumas marcas de desgaste causadas pelo sol e pela chuva. Ele tinha boas condições para comprar e manter um carro melhor, porém, o Gol foi presente de seu pai e por isso cuidava dele com tanto carinho.


Seguiu dirigindo em direção ao centro e passou na farmácia que ficava a duas quadras de distância de sua casa para comprar o bendito remédio para melhorar a dor de cabeça além de outras coisas, porém, na hora de pagar se descobriu estar sem sua carteira:


– Droga, devo ter esquecido em casa. Se eu sair de casa e não esquecer alguma coisa, com certeza, não sou eu – Disse, com um sorriso amarelo e meio envergonhado para a atendente do caixa – Um minuto, acho que tenho algum dinheiro no carro, volto já.


Foi até o carro, pegou algumas notas de emergência que tinha no porta-luvas e voltou para pagar o remédio. Agradeceu e foi embora.


No caminho para o trabalho decidiu ligar o rádio, para acabar com o silêncio:


- “E temos novas informações sobre o genocídio no galpão da avenida Baraúna. Policiais estão fazendo o patrulhamento ao redor do bairro Caranã, procurando por pistas sobre os suspeitos desse massacre cruel e brutal que ocorreu na noite anterior. Há uma grande movimentação ao redor do galpão com vários repórteres buscando informações, porém, a polícia está tratando o caso com um grande sigilo e não está disposta a liberar nenhuma informação, pelo menos não até o momento”.


Paulo desligou o rádio assustado, imaginando uma coisa tão horrível como essa acontecendo tão próximo de onde morava.


Chegou na empresa onde trabalhava, uma distribuidora de alimentos e bebidas, uma das maiores de Boa Vista e onde era gerente. Enquanto caminhava pelo estacionamento em direção ao prédio, encontrou com um amigo e colega de trabalho:


– Bom dia Miguel, assistiu o jogão ontem?


– Bom dia chefe, olha, nem consegui, acredita? A Sandra me obrigou a sair com ela e as meninas pra assistir a uma porcaria de filme da Disney bem na hora do jogo… vi só os gols depois, no jornal das 11.


– Então viu que aquele teu timinho perdeu, não é? Hahaha. Eu sempre te falo, meu amigo, muda logo de lado que esse time aí não vai pra frente não. – disse Paulo, bem-humorado.


– Hahaha, desculpe chefe, mas não vai dar. Time de coração é time de coração, não é?


– Tem razão, meu amigo, tem razão. Bom, a semana tá acabando, mas ainda não acabou de fato. Então vamos trabalhar não é?


– Tenho que ir mesmo, senão quem vai alimentar as minhas meninas? - disse o sorridente Miguel.


Os dois entraram e seguiram cada um o seu caminho. Miguel para a área de desembarque de mercadorias e Paulo para sua sala. Miguel era um dos grandes amigos de Paulo, era o encarregado da entrega e checagem das mercadorias no depósito da distribuidora e já trabalhavam juntos havia pelo menos 4 anos.


O restante do dia seguiu como qualquer outro, ao meio dia foi almoçar em um restaurante que ficava próximo à distribuidora. Um local pequeno e simples, mas com uma comida bastante saborosa. Às seis da tarde seguiu em direção a sua casa, no bairro Caranã, mas não sem antes fazer uma parada em uma conveniência de um posto de gasolina.


– Boa tarde Gina, tudo bom?


– Boa tarde, Dr. Paulo, veio comprar aquela bebidinha tradicional das quintas-feiras?


Vitor deu uma boa gargalhada:


– Você me conhece mesmo hein menina.


Gina era uma garota jovem, devia ter uns 20 e poucos anos, cabelo liso escuro e feições finas de rosto. Uma garota bonita e que chamava a atenção por onde passava. Mesmo quando usava o uniforme do posto de gasolina em que trabalhava como caixa da conveniência.


– Sim, me veja o de sempre por favor.


A garota entregou a ele uma garrafa de tequila.


– Bom dr. Paulo, acho que o senhor está precisando mesmo é de uma namorada hahaha.


– Também acho, minha querida. Também acho. E quem sabe eu não acabe arrumando alguma por aí em breve.


A conversa estendeu-se por um tempo e já era início de noite quando Paulo saiu em direção ao carro e ao conforto de sua casa depois de um dia cansativo de trabalho.


Enquanto chegava próximo de casa notou uma grande movimentação pela rua. Ficou meio apreensivo e confuso quando viu algumas viaturas ao redor de sua casa. De cara sentiu que algo não estava certo. No instante em que desceu do carro foi abordado por um policial:


– Boa noite, o senhor é Paulo Vitor Souza Santos?


– Sim, sou eu mesmo. Algum problema? - perguntou Vitor tentando disfarçar o súbito medo que começava a sentir.


– Isso é o que o senhor vai nos dizer. O senhor está em posse de seus documentos?


– Aan, sim, sim... quer dizer, não, eu esqueci a carteira em casa. Estão lá dentro, se puder aguardar.


– Acho pouco provável, senhor Paulo. Hoje mais cedo achamos alguns documentos seus em uma cena de crime. Mais precisamente no galpão da Avenida Baraúna, local onde ocorreu um terrível genocídio. – Paulo ficou perplexo.


– C... Como assim?


– Senhor, onde estava na noite de ontem?


– E... Estava em casa.


Disse Paulo com o pânico se instalando em seu peito.


– E o senhor pode provar??


– Provar eu não posso. Moro sozinho. Na verdade, moramos eu e meu gato. – disse Paulo enquanto tremia sem parar.


– Bom, com a minha experiência de anos como policial, posso dizer que um gato não é o melhor dos álibis. Peço, que, por favor, nos acompanhe até a delegacia. Precisamos lhe fazer algumas perguntas.


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