Prólogo

- Beatriz Figueira

O barulho estridente das sirenes me desperta. Esse não é o melhor jeito de acordar. O quarto está escuro. Olho em volta, o alarme ao lado da cabeceira da cama indica que são quatro da manhã. As sirenes continuam gritando. Corro até a terceira porta do cômodo, meu closet, e me tranco nela. Aqui dentro está minha mala, com tudo que precisarei nos próximos meses. Tenho que me apressar. Eles podem chegar a qualquer momento. Ao lado da mala tem algumas roupas perfeitamente dobradas, ainda cheirando a amaciante. São vestes simples, calça jeans e camisa de flanela, o tipo de coisa que não chamará a atenção. Após me trocar, fico agachada ao lado da mala, esperando.

Onde estará Grace? O combinado foi ela vir ao meu encontro assim que algo desse errado. Bom, algo certamente deu muito errado. Preciso que ela me leve até os túneis do esgoto do palácio, através deles iremos juntas para a ferrovia. Depois disso, sumiremos. Ela está atrasada. Começo a me preocupar. E se a pegaram? Será que outro segurança virá ao meu encontro? Impossível. Grace é a única agente que sabe do plano. Nem mesmo eu tenho total conhecimento dele. Meu pai foi criterioso quanto a seu sigilo, tudo para evitar falhas. Minha fuga é a única maneira de evitar que a Besta obtenha o domínio total do reino.

Ouço passos dentro do quarto. Alguém se aproxima da porta do closet. Sinto um suor gelado descer pela minha espinha. É medo.

TOC TOC

- Natalie?

Não faço nenhum movimento. Temos um código.

- Até que o sol não brilhe.

Graças a Deus! É ela!

- “Acendamos uma vela na escuridão”. Grace? Meu coração até parou de bater, pensei que fosse um deles! – Nunca estive tão aliviada.

- Venha, não podemos perder tempo, o trem sairá às 07:00h, iremos pelo subterrâneo até a ferrovia. Vai ser um longo caminho.

Ela pega o walkie-talkie e murmura alguma coisa, baixo demais para eu entender tudo. Consigo apenas identificar uma frase dita pela pessoa do outro lado:

A duplicata está em posição.