DOR
- compagnonmm
- 18 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de jan. de 2023
O silêncio tomou conta do local. Os dois tinham acabado de ter a pior briga em meses e parecia que dessa vez seria o fim.
Enquanto os olhos dela se enchiam de lágrimas, Martin levantou e andou em direção ao carro de cabeça baixa, tentando segurar o choro, a tristeza, a decepção. E ao mesmo tempo ele tentava segurar toda a raiva que sentia.
- Ei, para onde você vai - gritou Veronica enquanto ele continuava andando - Martin! Eu estou falando com você.
Ele então parou, levantou a cabeça e virou em direção a ela.
- Eu estou cansado, Veronica! Não tenho mais nada pra falar com você -gritou - E quer saber, de todo esse tempo que ficamos juntos, eu só me arrependo de não ter sido homem o suficiente para terminar esse nosso "relacionamento" antes - após isso ele se virou.
Veronica permaneceu calada, as lágrimas rolavam pelo seu rosto como uma cascata e sua expressão mostrava o mais simples vazio.
- Mas eu agradeço muito pelo que você fez, me ensinou a nunca mais ser trouxa. - ele então esfregou seu nariz e continuou andando em direção ao carro - Até nunca mais, Veronica.
Sem pensar duas vezes, ela se levanta e grita.
- você vai queimar no inferno, Martin.
Enquanto abria a porta do carro ele responde
- Se for assim, então, até logo.
Martin ligou o carro e saiu o mais rápido possível. Apesar de tudo que havia passado ele tentava agir demonstrando que estava tudo bem, mantendo uma postura firme como a do seu pai, banco inclinado, uma das mãos no volante e a outra mão no rosto. Mas mesmo assim algo dentro dele estava quebrado.
Na tentativa de parar seus pensamentos, ele ligou o rádio e colocou no mais alto volume para não ouvir mais a voz do seu coração. Ele não queria voltar, não errar de novo. Na rádio tocava uma de suas canções favoritas, Believer do imagine Dragons.
No meio da música toda a emoção que sentia havia se transformado em lágrimas que desciam pelo seu rosto, mas ele mantinha-se firme e continuava sua viagem rumo a qualquer lugar.
O velocímetro já registrava 160 km/h, a pista estava escorregadia devido a chuva que teve mais cedo. Martin seguia gritando a letra da música até que seu carro saiu da estrada.
Seu coração acelerou, ele pôs as duas mãos ao volante e tentou acionar o freio, mas sem sucesso, o carro ia em direção a uma árvore.
Como última tentativa, Martin tentou tirar o cinto de segurança e abrir a porta para pular do carro, mas o cinto havia emperrado, ele estava sem saída.
Em toda sua agonia, conseguiu enfim tirar o cinto e quando estava prestes a abrir a porta o inevitável aconteceu, o carro chocou contra a árvore.
Martin bateu a cabeça no volante e por sorte não foi lançado no vidro do carro. Os airbags foram acionados segundos depois, mas não adiantava mais ele já tinha desmaiado.
A frente do carro estava completamente amassada, saia fumaça do motor porém, no som do rádio ainda tocava sua música favorita.
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